terça-feira, 15 de outubro de 2013

Fruto de uma introspecção

Charlie Brown, ícone dos introvertidos. 


Não gosto de pensar muito sobre o quão injusta a vida pode ser. As coisas são do jeito que são e normalmente não há nada que possamos fazer a respeito. Apenas nos conformar. Mas uma das coisas mais difíceis para um ser humano se conformar, e da qual todos nós estamos pressupostos a passar (e também a fazer o mesmo) é ser discriminado pelas diferenças. As pessoas geralmente não estão abertas ao novo, gostam de se acostumar com tudo que é considerado normal. E no âmbito social, uma das coisas mais anormais e incompreensíveis é a dificuldade de se socializar.
Uma pessoa muito introvertida não é capaz de se transformar em uma totalmente extrovertida. Isso é fato. Genética. Em toda a história, sempre houve pessoas mais introspectivas, mas essas foram e ainda são vistas como esquisitas e até mesmo cotadas como fracassadas. É perceptível até, por exemplo, quando vamos ver quais são consideradas as principais qualidades de alguém, a palavra “extrovertido” é uma das mais presentes. Muito improvável que alguém já tenha visto o antônimo dessa palavra sendo usado como elogio.
É óbvio que a solidão e o silêncio faz parte da natureza dos tímidos. Esses sinais trazem à tona um aspecto muito reflexivo e pela visão da maioria, até mesmo triste. Portanto, o normal é deixar essas pessoas no canto delas, não se importar. Uma atitude errônea, o ser humano nesse estado pode parecer recluso por natureza, mas a quietude nem sempre representa isso. Alguns só estão buscando por compreensão, por pessoas que entrem nos mundos que eles criam enquanto o mundo em volta não os satisfazem. Essa compreensão pode estar ligada a um olhar, ou poucas palavras de reconhecimento. Algo que envolve. Afaga.  Inclui.
O blá, blá, blá constante e espontâneo faz com que esse mundo de tagarelas zombe, ignore e crie petições o tempo todo para que os mais isolados saiam da concha. Essa introspecção é vista com muita negatividade. Poucos percebem que as qualidades nesse aspecto superam e são necessárias. Os extrovertidos precisam dos introvertidos e vice-versa. Algumas das qualidades são únicas: Os reservados geralmente são melhores ouvintes, vê detalhes que outros não percebem, se concentram melhor. Surpreendem mais. E há uma singularidade especial: Ter a sensatez de pensar mais do que fala. Pensar bem antes de soltar palavras é uma coisa humana, só nossa. Todos os animais se comunicam, mas somente nós podemos fazer isso com uma racionalidade.
Muitos personagens conhecidos e históricos encaixam-se nesse perfil, incluindo artistas. Os mais famosos estão entre os escritores. Pois escrever bem é um hábito comum dentre a maioria dos introvertidos, pois requer o que eles facilmente têm: O silêncio, a solidão, o foco, etc. Aliás, se não fosse por esses requisitos, esse texto que você acabou de ler nem existiria, pois tudo isso também é uma realidade do autor.