por Matheus Campos
Sinto um calor absurdo enquanto caminho e percebo
que o céu está nu. Sem nuvens que indiquem posterior chuva, sem nenhuma
possibilidade de sombra num campo aberto. É inegavelmente bonito, mas um pouco
desagradável. A nudez do céu aberto iluminado pelos raios de sol não abre
espaço para a graciosidade dos ventos mais suaves. Sinto-me exposto e meu suor
me incrimina.
Abismado pela ousadia do universo de
escancarar parte de sua grandeza, quis fazer o mesmo. Tive um súbito desejo de
também ficar nu. Sem vergonha, sem medo da humilhação: queria me desafiar não
apenas a uma quebra de tabu, mas também para compreender se a liberdade da
minha natureza é comparável a do mundo que me sonda.
Quão invulgar seria se existíssemos à nossa maneira? Se não renunciássemos aos nossos demônios sem deixar de valorizar nossas virtudes? Somos condicionados a nos esconder: cobrir para manter seguro. A falsa segurança que não possibilita a leveza da nudez diante de outros. Não somente a do corpo, mas as camadas de vestimentas que permeiam as nossas almas.
Revelar-se é um ato revolucionário. Despir-se. A nudez da palavra dita ao invés do silêncio que grita. A nudez das sensações. A nudez dos sentimentos poeticamente estruturados. A nudez percebida pelo olhar do outro, que é também uma revelação.
A condição humana nos torna seletivos em relação ao que revelamos. Mas é incontestável que há certo charme nisso - nos nossos mistérios tão semelhantes que, no final das contas, ninguém tem mistério nenhum.
Somos seduzidos a buscar o oculto. O prazer de revelar o que está por trás. Há dois flancos: a vestimenta do corpo e a roupa da essência, a personalidade.
O corpo exposto sem pudor é o grito de alívio após tempos de sufoco. Cada olhar é um resgate. Cada toque é uma libertação. Orgasmo é uma forma de adoração: percorrer inteiramente pela nudez do outro e percorrer por si mesmo, com prazer, é a exaltação da alma.
Já a nudez que representa a honestidade do Ser - por exemplo, pelos olhares, sorrisos, abraços, etc. -, muitas vezes é velada. O afeto verdadeiro é difícil de descobrir, mas é o que tem o maior potencial de nos despir profundamente.
Quem dera pudéssemos estar preparados para o nu em sua totalidade, no coletivo. Não estaremos. Não há a liberdade necessária. Até o céu ganha a roupagem das nuvens, das estrelas. E o meu corpo, quente, por ter o Sol como alma, é coberto.
Minha nudez esfria.
Quão invulgar seria se existíssemos à nossa maneira? Se não renunciássemos aos nossos demônios sem deixar de valorizar nossas virtudes? Somos condicionados a nos esconder: cobrir para manter seguro. A falsa segurança que não possibilita a leveza da nudez diante de outros. Não somente a do corpo, mas as camadas de vestimentas que permeiam as nossas almas.
Revelar-se é um ato revolucionário. Despir-se. A nudez da palavra dita ao invés do silêncio que grita. A nudez das sensações. A nudez dos sentimentos poeticamente estruturados. A nudez percebida pelo olhar do outro, que é também uma revelação.
A condição humana nos torna seletivos em relação ao que revelamos. Mas é incontestável que há certo charme nisso - nos nossos mistérios tão semelhantes que, no final das contas, ninguém tem mistério nenhum.
Somos seduzidos a buscar o oculto. O prazer de revelar o que está por trás. Há dois flancos: a vestimenta do corpo e a roupa da essência, a personalidade.
O corpo exposto sem pudor é o grito de alívio após tempos de sufoco. Cada olhar é um resgate. Cada toque é uma libertação. Orgasmo é uma forma de adoração: percorrer inteiramente pela nudez do outro e percorrer por si mesmo, com prazer, é a exaltação da alma.
Já a nudez que representa a honestidade do Ser - por exemplo, pelos olhares, sorrisos, abraços, etc. -, muitas vezes é velada. O afeto verdadeiro é difícil de descobrir, mas é o que tem o maior potencial de nos despir profundamente.
Quem dera pudéssemos estar preparados para o nu em sua totalidade, no coletivo. Não estaremos. Não há a liberdade necessária. Até o céu ganha a roupagem das nuvens, das estrelas. E o meu corpo, quente, por ter o Sol como alma, é coberto.
Minha nudez esfria.